Economia

Capacidade Creditícia – A importância dos C’s de Crédito

Por:
José Antonio da Barbara, Credit

Inicialmente, muitos perguntam: o que é Crédito e para que serve a análise de Crédito? 

Em resumo, a palavra “crédito” vem do latim "Credere", que significa acreditar ou confiar, ou seja, quando você concede crédito para o seu cliente é porque confia que ele vai quitar o compromisso financeiro assumido com você ou a empresa que representa.

Já a análise de crédito consiste em atribuir valores a um conjunto de fatores que permitam a emissão de um parecer sobre determinada pessoa, física ou jurídica, ou operação de crédito a ser contratada. 

É uma etapa muito importante nas relações comerciais, especialmente diante de cenários econômicos turbulentos. Tais procedimentos de verificação, protegem o credor de uma possível inadimplência, além de garantir uma melhor classificação e precificação da operação junto ao devedor. 

A análise de crédito, é, portanto, fundamental para garantir a saúde financeira daquele que empresta, mas para que funcione, como uma ferramenta eficaz, importante que o processo seja realizado da maneira correta, logo ao analisar o crédito ou a empresa que tomará o crédito, O analista primeiramente deverá ter como balizador de sua análise, a busca para a resposta de 3 questões primordiais: 

1. O tomador pode pagar como se comprometeu? 

2. Em que prazo o tomador irá pagar sua dívida? e 

3. Se ele não pagar, quem paga? O credor tem como cobrar?

A primeira fase do processo de análise de crédito, consiste na análise da capacidade creditícia para decisão, quanto à concessão ou não do crédito. A ideia é através da análise de diversas variáveis (contábeis, mercadológicas, comportamentais e outras) emitir uma opinião sobre a capacidade de pagamento da empresa ou de seu devedor.

Já há modelos que podem discriminar solicitantes de crédito, de acordo com seu risco (probabilidade) de inadimplência, mas ainda assim é preciso avaliar outros componentes, afinal crédito não é algo fácil de se conseguir no mercado. 

Para diminuir o risco de calote e prejuízo, as instituições devem se apoiar em regras pré-definidas de suas políticas de crédito e em seus modelos de crédito, mas uma profunda e completa avaliação dos C's do crédito inicial, pode ser uma referência simples e confiável de mitigar as possibilidades de prejuízo. 

Para tanto, precisamos entender um pouco mais deles.

OS C’s DO CRÉDITO

Há vários: Caráter, Capacidade, Capital, Colateral, Concorrência, Custos, Comunicação, Consistência, Caixa, Condições, Controle, Conglomerado... mas vamos nos limitar aos 5 principais:

Caráter
A sua história molda seu caráter! Indica a intenção do devedor em cumprir obrigações assumidas. 

Vemos que este “C” está ligado à honestidade, idoneidade e reputação daquele que pretende o crédito, ou seja, seu devedor. Está ligado ao comportamento da pessoa física ou jurídica e vem de valores pessoais, portanto é um dos critérios mais importantes e está acima de qualquer capacidade e garantia; inclusive do sócio ou administrador da empresa, esse aspecto tem influência direta sobre as decisões tomadas pelo negócio. 

Logo, é importante fazer um levantamento detalhado, do histórico de crédito do cliente, para verificar a pontualidade de pagamento e comprometimento com as obrigações assumidas. 

Se for uma empresa sem histórico, por ser nova no mercado, aconselha-se que a análise de crédito recaia sobre os sócios e suas operações.

Aqui podemos incluir variáveis tais como restrições internas e externas (pesquisas em bureau de crédito ex: Serasa), pontualidade com operações vigentes, relação com fornecedores e clientes, referências e tradição.


Capacidade

Potencial do cliente de quitar o crédito solicitado nas condições contratadas, principalmente prazo. 

Relacionado com a competência empresarial das pessoas que integram a empresa devedora em gerir seu negócio, a fim de gerar lucro e pagar obrigações. Incluem-se variáveis como problemas sucessórios, qualidade da administração e tradição. 

São objetos de análise o fluxo de caixa, bens e ativos, tempo de atuação no mercado, alternativas de pagamento, como o crédito será aplicado, bem como o perfil dos sócios (renda, bens, ativos).

Podemos também destacar algumas variáveis a serem analisadas que poderão influenciar na capacidade do devedor, como: 

Pessoa Física -> A idade, experiência e trajetória profissional, formação acadêmica, data da admissão, cargo que ocupa, renda e outros.

Pessoa Jurídica -> Tempo de constituição da empresa “fundação”, experiência da empresa no negócio/atividade, nível de formação de seus dirigentes, setor de atuação, porte e tipo ex: empresa familiar, entre outros.

Condições

As Condições são fatores externos e macroeconômicos que exercem forte influência na atividade empresarial e na sua capacidade de cumprir com suas obrigações. Na maioria, fatores que não podem ser controlados pela empresa. 

Incluem variáveis como situação climática, situação do mercado, ambiente político e econômico e setor de atividade. Logo, é importante um constante monitoramento de tais variáveis frente o risco assumido na operação junto ao seu devedor, tomando ações preventivas para mitigar perdas e provisionamentos indesejados.


Capital

O Capital refere-se à situação patrimonial e financeira do cliente. Se refere ao patrimônio líquido da organização ou da pessoa e que pode ser investido, independente do crédito que está sendo pleiteado. 

São os dados referentes à estrutura de capital, liquidez, endividamento, lucratividade, entre outros índices financeiros.

Tais componentes avaliam a possibilidade de o cliente dispor de outros recursos para investir ou realizar pagamentos, independentemente do crédito solicitado.


Colateral


O Colateral trata-se da capacidade da pessoa física ou jurídica em oferecer garantias ao crédito, tais como: recebíveis de cartão de crédito, duplicatas, veículos, imóveis, equipamentos, estoques, etc. Nesta etapa, é comum colocar também as figuras dos avalistas da negociação. 

Quanto maiores forem os percentuais das garantias frente ao crédito tomado, maiores serão as chances de reaver o valor concedido, mas lembrem-se: Garantia não paga dívida.

A análise de crédito desempenha um papel fundamental nas transações financeiras, permitindo às empresas avaliar a capacidade de pagamento de seus clientes e mitigar o risco de inadimplência. Para realizar essa análise de forma eficaz, é crucial considerar os "C’s do Crédito": Caráter, Capacidade, Condições, Capital e Colateral. Cada um desses fatores desempenha um papel significativo na tomada de decisões de crédito, fornecendo uma visão abrangente da saúde financeira do devedor.

Ao levar em consideração esses cinco elementos-chave, as instituições financeiras e empresas podem tomar decisões informadas sobre a concessão de crédito, melhorando a saúde financeira de ambas as partes e fortalecendo as relações comerciais. A análise de crédito é uma ferramenta essencial, especialmente em tempos econômicos desafiadores, para garantir a confiança mútua e o cumprimento das obrigações financeiras. Portanto, entender e aplicar os "C’s do Crédito" é um passo crucial para o sucesso nas operações de crédito.

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