Economia

Você sabe quanto o seu escritório aguenta crescer?

Por:
Eduardo Koetz, CEO da ADVBOX

No campo da contabilidade, algumas siglas se tornam comuns, e uma delas é o Ciclo de Conversão de Caixa (CCC), um indicador financeiro que mede o tempo necessário para uma empresa converter seus recursos em caixa novamente, a partir das atividades operacionais. Antes restrito a contadores, financeiros e CFOs, esse indicador agora é cada vez mais relevante para profissionais liberais, incluindo advogados e seus escritórios.

O campo do Direito apresenta uma especificidade que pode complicar a aplicação do CCC: a duração imprevisível dos processos. Dentro desse contexto particular, o momento escolhido para cobrar os honorários de cada ação e cliente pode ser determinante para o balanço financeiro do escritório.

Antes de aprofundarmos nos detalhes do CCC no universo jurídico, é importante entender como funciona um escritório de advocacia com alguns exemplos.

Um escritório de advocacia possui três principais ciclos econômicos que alimentam o Ciclo de Conversão de Caixa:

  • Prospecção: quando os advogados buscam por novos clientes, casos e ações.
  • Produção: quando a ação é preparada e levada às instâncias competentes, envolvendo todo o processo necessário.
  • Execução: quando a ação é julgada, decidida e devidamente executada, fornecendo orientações às partes envolvidas.

Compreender cada uma dessas etapas e como elas contribuem para o processo de faturamento de um escritório de advocacia é o ponto de partida. Por exemplo, se um escritório recebe todos os honorários somente ao final das ações (execução), é necessário manter um alto capital investido, pois não haverá geração de honorários até a conclusão dos processos.

Por outro lado, se um escritório tem o costume de receber os honorários ainda na fase de prospecção (como na assinatura do contrato com o cliente), precisará de menos capital investido, e o CCC será menor, já que o escritório começa a receber dividendos simultaneamente aos investimentos.

Vamos facilitar a compreensão aplicando essa lógica a duas áreas distintas da advocacia: trabalhista e de família. Considerando que os advogados trabalhistas costumam cobrar seus honorários ao final das ações, enquanto os advogados de família recebem no início das ações, teremos o seguinte cenário:

  • Ambos demoram dois meses para prospectar um novo cliente, investindo dinheiro e tempo.
  • Ambos levam pelo menos 12 meses para acompanhar o andamento do processo.
  • Ambos também esperam mais 10 meses para ver a execução das ações.

No final das contas, devido à diferença na forma de cobrar os honorários, o equilíbrio financeiro entre os advogados é bastante distinto.

O esquema gráfico abaixo ilustra essa diferença:

Nesse cenário hipotético, um advogado que gera honorários no início do contrato (prospecção) precisa de 12 vezes menos capital para manter seu escritório em comparação com aquele que só recebe honorários ao final do processo (execução).

Com base nesse exemplo, fica mais fácil compreender que existem diversas formas de lidar com o CCC no seu escritório e na advocacia em geral. Trata-se, essencialmente, de uma questão de organização financeira. Independentemente da área do direito em que você atua, é sempre importante cobrar uma porcentagem de honorários iniciais assim que for contratado.

Os valores não precisam ser exorbitantes, mas devem ser suficientes para manter seu escritório em funcionamento até que os resultados das ações se concretizem. Isso ocorre porque o objetivo do CCC é reduzir o tempo necessário para converter recursos em caixa, otimizando os processos relacionados ao seu negócio. Lembre-se de que, mesmo que seu capital seja principalmente intelectual, limitações financeiras podem impedir seu escritório de alcançar todo o seu potencial de crescimento.

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